terça-feira, 3 de julho de 2012

ARTIGO – PRIMAVERA FARTURENSE


Por Tadeu de Oliveira
 
Claramente inspirado naquele movimento da juventude midiática que incendiou o norte da África em busca da democracia e ficou mundialmente conhecido como ‘Primavera Árabe’, jovens farturenses estão se rebelando contra as opções apresentadas pelas coligações com vistas às eleições desse ano no município de Fartura.
A ferramenta de divulgação e construção desse movimento está sendo o grupo “Fartura Politicamente Correto” do Facebook, com a convocação para a primeira reunião do chamamento para uma profilaxia na política farturense.
Um movimento que exige estudo aprofundado, então vamos abordar apenas o cerne da questão: as decisões partidárias que alijaram da disputa os pré-candidatos que mais se encaixavam nos desejos de mudança reivindicados pela população: o vereador Maryel Garbelotti (PSDB) e  bancário Paulo Surubi (PT).
Maryel vislumbrou a possibilidade de ser eleito e foi às ruas construir sua pré-candidatura. Arregimentou incentivo popular e conseguiu criar um razoável grupo de apoio às suas pretensões dentro do partido, como exige o sistema eleitoral brasileiro.
Com fulcro em decisão do PSDB para resolver impasse em São Paulo quando José Serra ainda resistia ser candidato, se inscreveu no Diretório Municipal e provocou a convocação de uma eleição prévia, com participação de Tinho Bortotti, pré-candidato lançado pelo ex-prefeito e grande líder tucano Jurandi Dognani.
Pois bem, Maryel perdeu a prévia, manteve a cabeça erguida e prometeu apoio incondicional ao colega vencedor. A decisão, mais do que democrática, no entanto, não agradou alguns partidários tucanos, que manifestaram esse descontentamento via Facebook. A poeira baixou, mas a ânsia por mudança continuou latente e despertou novamente com a decisão petista.
Pois bem, vamos a ela. Lançado pré-candidato em setembro do ano passado durante um Seminário de Formação Política do PT, Paulo Surubi se entusiasmou com ideia, mas esbarrou em uma segunda pré-candidatura, a do professor Marcelo Del Nobile.
No entanto, pouco fez para construir um grupo sólido e enfrentar a prévia que se anunciava até dezembro, quando Marcelo comunicou desistência. Mesmo com o campo livre e uma aliança, frágil é verdade, tanto que se desfez na primeira investida, selada com PPS e PSB para marcharem juntos com o PT, Paulo não conseguiu construir com uma pré-candidatura forte e confiável.
Ponderado, tirou o pé do acelerador com base em experiências frustradas de um PT ideológico que marchou sozinho nas eleições passadas e ficou entre dois fogos, sucumbindo na hora do tal voto útil – ou inútil. Consciente, não insistiu na construção de nova candidatura apenas ideológica e abriu portas para uma decisão mais pragmática da Executiva, que tinha em mãos convite para indicar Marcelo de Nóbile como vice de Regina Célia (PTB) em uma coligação com chances reais de vitória.
Bem a gosto da deliberação nacional “Tática Eleitoral e Política de Alianças” para  eleger o maior número de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores petistas nas Eleições 2012, com olhos voltados às Eleições 2014. Ou seja, ampliar a base de apoio com vistas à reeleição da presidente Dilma Roussef e a sonhada eleição de um primeiro governador petista para o Estado de São Paulo.
Tomada essa decisão – traumática para o partido, é verdade, tendo em vista a ideologia que orgulha seus militantes – Paulo teve outra chance de se firmar como candidato. Bastava dizer ‘eu sou candidato, quero o apoio de vocês para vencer essas eleições’ na reunião decisiva.
Sensato como sempre, colocou novamente aos companheiros as dificuldades de o PT marchar sozinho, sem dinheiro e sem estrutura de campanha, em um terreno dominado por lideranças solidificadas e sem pleno conhecimento do tamanho do apoio popular que teria, por falta de uma pesquisa de campo séria e consistente. Assim, pouco fez para tocar a aventura adiante.
Mesmo agindo corretamente e liberando o partido para seguir com o Plano B, Paulo também pouco fez para acalmar os ânimos intrapartidário.  Ao contrário, alegando procedimento ético até certo ponto respeitável, desistiu de concorrer até mesmo à vereança, com grandes, mas grandes chances mesmo, de ser eleito.
E a revolta primaveril dos jovens petistas ganhou adesão do tucanato ainda descontente com a decisão prévia do partido e ansiosa pela renovação que a estação das flores desperta logo após um tenebroso inverno, fazendo brotar a esperança de que tempos melhores virão. Então, acabou-se criando esse louvável movimento de revolta às amarras do sistema eleitoral nacional e à mesmice da política farturense. Coisa boa vai sair daí, com certeza!
A principal e aquela que todos os farturenses anseiam, é o surgimento de novas lideranças para substituir aquelas que estão com o lume opaco e ofuscado por tantos e tantos erros. Em segundo plano, o gosto de se discutir e debater política em alto nível, de forma politicamente correta. Parabéns, garotada!

 * Egresso de Faculdade de Administração com ênfase em Comércio Exterior, formado e diplomado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo, Tadeu de Oliveira é analista político, econômico e esportivo.

OBS – Na postagem abaixo você pode conferir o manifesto.

     

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