Por Tadeu
de Oliveira
Claramente
inspirado naquele movimento da juventude midiática que incendiou o norte da
África em busca da democracia e ficou mundialmente conhecido como ‘Primavera
Árabe’, jovens farturenses estão se rebelando contra as opções apresentadas
pelas coligações com vistas às eleições desse ano no município de Fartura.
A ferramenta de
divulgação e construção desse movimento está sendo o grupo “Fartura
Politicamente Correto” do Facebook, com a convocação para a primeira reunião do
chamamento para uma profilaxia na política farturense.
Um movimento que
exige estudo aprofundado, então vamos abordar apenas o cerne da questão: as
decisões partidárias que alijaram da disputa os pré-candidatos que mais se
encaixavam nos desejos de mudança reivindicados pela população: o vereador
Maryel Garbelotti (PSDB) e bancário
Paulo Surubi (PT).
Maryel vislumbrou a
possibilidade de ser eleito e foi às ruas construir sua pré-candidatura. Arregimentou
incentivo popular e conseguiu criar um razoável grupo de apoio às suas
pretensões dentro do partido, como exige o sistema eleitoral brasileiro.
Com fulcro em
decisão do PSDB para resolver impasse em São Paulo quando José Serra ainda
resistia ser candidato, se inscreveu no Diretório Municipal e provocou a
convocação de uma eleição prévia, com participação de Tinho Bortotti,
pré-candidato lançado pelo ex-prefeito e grande líder tucano Jurandi Dognani.
Pois bem, Maryel
perdeu a prévia, manteve a cabeça erguida e prometeu apoio incondicional ao
colega vencedor. A decisão, mais do que democrática, no entanto, não agradou
alguns partidários tucanos, que manifestaram esse descontentamento via
Facebook. A poeira baixou, mas a ânsia por mudança continuou latente e
despertou novamente com a decisão petista.
Pois bem, vamos a
ela. Lançado pré-candidato em setembro do ano passado durante um Seminário de
Formação Política do PT, Paulo Surubi se entusiasmou com ideia, mas esbarrou em
uma segunda pré-candidatura, a do professor Marcelo Del Nobile.
No entanto, pouco
fez para construir um grupo sólido e enfrentar a prévia que se anunciava até
dezembro, quando Marcelo comunicou desistência. Mesmo com o campo livre e uma
aliança, frágil é verdade, tanto que se desfez na primeira investida, selada
com PPS e PSB para marcharem juntos com o PT, Paulo não conseguiu construir com
uma pré-candidatura forte e confiável.
Ponderado, tirou o
pé do acelerador com base em experiências frustradas de um PT ideológico que
marchou sozinho nas eleições passadas e ficou entre dois fogos, sucumbindo na
hora do tal voto útil – ou inútil. Consciente, não insistiu na construção de
nova candidatura apenas ideológica e abriu portas para uma decisão mais
pragmática da Executiva, que tinha em mãos convite para indicar Marcelo de
Nóbile como vice de Regina Célia (PTB) em uma coligação com chances reais de
vitória.
Bem a gosto da
deliberação nacional “Tática Eleitoral e Política de Alianças” para eleger o maior número de prefeitos,
vice-prefeitos e vereadores petistas nas Eleições 2012, com olhos voltados às
Eleições 2014. Ou seja, ampliar a base de apoio com vistas à reeleição da
presidente Dilma Roussef e a sonhada eleição de um primeiro governador petista
para o Estado de São Paulo.
Tomada essa decisão
– traumática para o partido, é verdade, tendo em vista a ideologia que orgulha
seus militantes – Paulo teve outra chance de se firmar como candidato. Bastava
dizer ‘eu sou candidato, quero o apoio de vocês para vencer essas eleições’ na
reunião decisiva.
Sensato como sempre,
colocou novamente aos companheiros as dificuldades de o PT marchar sozinho, sem
dinheiro e sem estrutura de campanha, em um terreno dominado por lideranças
solidificadas e sem pleno conhecimento do tamanho do apoio popular que teria, por
falta de uma pesquisa de campo séria e consistente. Assim, pouco fez para tocar
a aventura adiante.
Mesmo agindo
corretamente e liberando o partido para seguir com o Plano B, Paulo também pouco
fez para acalmar os ânimos intrapartidário.
Ao contrário, alegando procedimento ético até certo ponto respeitável, desistiu
de concorrer até mesmo à vereança, com grandes, mas grandes chances mesmo, de
ser eleito.
E a revolta primaveril
dos jovens petistas ganhou adesão do tucanato ainda descontente com a decisão
prévia do partido e ansiosa pela renovação que a estação das flores desperta
logo após um tenebroso inverno, fazendo brotar a esperança de que tempos
melhores virão. Então, acabou-se criando esse louvável movimento de revolta às
amarras do sistema eleitoral nacional e à mesmice da política farturense. Coisa
boa vai sair daí, com certeza!
A principal e aquela
que todos os farturenses anseiam, é o surgimento de novas lideranças para
substituir aquelas que estão com o lume opaco e ofuscado por tantos e tantos
erros. Em segundo plano, o gosto de se discutir e debater política em alto
nível, de forma politicamente correta. Parabéns, garotada!
OBS – Na postagem
abaixo você pode conferir o manifesto.
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