Aloysio Nunes foi o
único a se manifestar contra a proposta. No entender dele, a exigência do
diploma de jornalismo interessa aos donos de faculdades privadas ruins. “Não há
interesse público envolvido nisso. Pelo contrário, a profissão de jornalismo
diz respeito diretamente à liberdade de expressão do pensamento, de modo que
não pode estar sujeita a nenhum tipo de exigência legal nem mesmo
constitucional”, defendeu.
Confundo o nobre
senador tucano liberdade de expressão do pensamento com regulamentação de uma profissão
exercida no dia a dia. Qualquer cidadão pode exercer seu direto de expressão e
manifestação. Isso está na Constituição. Se sua opinião for importante, pode
ser manifestada em qualquer veículo de comunicação que se interesse por ela.
Nada impede.
Agora, para
trabalhar em uma redação, é preciso sim estudar, aprender conceitos básicos de
ética, legislação, economia, política e técnica de escrita jornalística e de
entrevistas, saber diferenciar o jornalismo opinativo do informativo, entre outros
quesitos.
Mas, para o nobre senador
tucano, faculdade de jornalismo é “arapuca que não ensina nada e que vende a
ilusão de um futuro profissional”. Pode até existir faculdade assim, mas não é
a regra. E, como fiscalizador e legislador, deveria combater esse tipo de instituição,
denunciando-as.
Aloysio Nunes lembrou
ainda que, se a emenda for aprovada pelos deputados, a profissão de jornalista
será a única a constar na Constituição. “Existem médicos, advogados e outros
profissionais que são bons jornalistas, sem a necessidade de ter um diploma
específico”, afirmou. Esses continuarão sim podendo se manifestar a qualquer momento,
opinar, escrever artigos técnicos, conceder entrevistas, porque não. Sempre
enriquece o debate.
“Será uma aberração
colocar a profissão de jornalista na Constituição por razões meramente corporativas,
para atender ao sindicalismo dos jornalistas, que é o mesmo que trabalha pelo
controle social da mídia”, criticou Ferreira, com o tom nazista que caracteriza
o tucanato da abominada direita neoliberal.
A senadora Ana
Amélia (PP-RS) disse que, como jornalista diplomada, aprovaria a proposta por
questão de coerência. Já o autor da proposta, senador Antonio Carlos Valadares
(PSB-SE), atribuiu as críticas à proposta de emenda aos patrões de empresas de
comunicação, interessados em contratar profissionais não diplomados por um
salário menor.
O texto terá ainda
de ser votado na Câmara dos Deputados, onde tramita uma proposta semelhante. Derrubada
em 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a alegação de que a Lei de
Imprensa criada durante o regime militar atentava contra a liberdade de
expressão. Lógico, se foi criada num regime de exceção que controlava e
censurava a mídia, o que esperar dela.
Os tempos agora são
outros e a profissão de jornalista precisa sim ser regulamenta. Parabéns aos
senadores de bom senso, e aos deputados que já aprovara o projeto que tramita
pela Câmara Federal em primeiro Turno.
* Egresso de Faculdade de Administração com ênfase em Comércio Exterior, formado e diplomado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo, Tadeu de Oliveira é analista político, econômico e esportivo.
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